Em 21 de junho, comemora-se o “Dia Internacional do Aperto de Mãos”. Desejo neste artigo apertar as mãos das amigas e amigos de todos os sábados, como gesto relevante para nossas relações. Portanto, estendo a minha mão e os cumprimento, inserindo um trecho do poema de Marcial Salaverry, intitulado “Pelo menos um aperto de mãos”:
“Vamos aproveitar, sem procurar economizar, esta capacidade de amar. É um gesto amigo e delicado, algo que não pode ser desperdiçado, nem tampouco economizado, por mero pão-durismo de carinho, pois não é este o caminho para um bem viver…”
O aperto de mãos é uma das expressões culturais mais comumente aceitas no mundo todo. Amizades, acordos diplomáticos, negócios, são firmados de forma automática com este gesto, que tem significado antigo. Os primeiros registros, segundo historiadores especialistas nos costumes egípcios, aparecem nos hieróglifos em que a mão estendida de um deus passa seu poder a um ser humano. Dar a mão, para eles, era doação.
Mas ainda há pesquisas que o aperto de mãos vem dos primórdios da humanidade, em uma época em que praticamente todos os homens carregavam alguma arma. O aperto de mãos representava um sinal de paz. Eles estendiam as mãos para mostrar que não estavam armados.
Outros estudos dizem que o aperto de mãos teve sua origem antes de duelos de espadas, quando os adversários, por exigência do regulamento, eram obrigados a fazer uma saudação que consistia num abraço para que pudessem começar a luta. Temendo que o abraço inicial se transformasse num golpe traiçoeiro, os contendores resolveram transformá-lo num aperto de mãos.
Você provavelmente já deve ter recebido diferentes apertos de mãos. Dos mais fortes aos mais suaves. Uns parecem que você está chacoalhando uma planta nas mãos. Existem pesquisas que descrevem o aperto de mãos perfeito.
Estenda a mão até o meio da distância entre você e a outra pessoa. Use a mão direita e segure a mão da outra pessoa de maneira firme, mas não muito forte. A posição correta é atingida quando seus dedos ficam contra a palma da mão da outra pessoa. Dê três chacoalhadas suaves, que não devem durar mais do que dois ou três segundos. Mantenha contato visual durante a ação, exibindo um sorriso e o cumprimento verbal apropriado.
Tipos e significados de apertos de mãos não aconselhados. “Flácido”, parecendo estar apertando um macarrão cozido, característica de pessoas pessimistas. “Hesitante”, pessoa que não sabe se vai ou não estender a mão para cumprimentar, sinalizando pessoa sem iniciativa. “Quebra nozes”, impressão de que a mão está sendo colocada em um torno, indicando pessoas carentes. “Perto do corpo”, você é puxado para cumprimentar, característica daqueles que não gostam de correr riscos. “Aperto de mãos afobado”, aquele que logo te vê já estende a mão para cumprimentar. Pessoas inseguras e com medo de serem rejeitadas. “Quem não agarra”, mão dura e os dedos não se movem, significa “eu não quero nada com você”. “Britadeira”, sua mão é sacudida para cima e para baixo, como se estivesse segurando uma britadeira. Pessoas inflexíveis e com pouca força de vontade. “Relâmpago”, a pessoa te oferece a mão para cumprimentar e logo recolhe. São individualistas que pensam muito em si e pouco nos outros. “Presídio”, prende a mão e não larga mais. Pode ser oportunista, ter segundas intenções ou querer forçar-te a tomar uma decisão.
E finalmente, o aperto de mão “Normal”, que difere de todos os outros, pois é aberto, franco, sincero, olho no olho, discretamente sorridente, simbolizando um gesto social relevante, que expressa sentimento positivo de amizade, afinidade ou confiança entre dois seres humanos. Durante a vida um pessoa aperta a mão de outra, cerca de 24 mil vezes.
Sagradas, benditas mãos. Por elas falamos. Para que servem as mãos? Resposta belíssima no “Monólogo das Mãos”, de Michel de Montaigne. “Para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever…
A mão de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário; Múcio Cévola queimou a mão que, por engano, não matou Porcena; foi com as mãos que Jesus amparou Madalena; com as mãos David agitou a funda que matou Golias; as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos gladiadores vencidos na arena; Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência; os antissemitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros judas não encontram. A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir; o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar; o honesto trabalhar e o viciado jogar.
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba! Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia! As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor. Os olhos dos cegos são as mãos. As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes; no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros.
O autor do «Homo Rebus» lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida; a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem. Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.
A mão aberta, acariciando, mostra a bondade; fechada e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada, a pena e a cruz! Modela os mármores e os bronzes; dá cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e dá fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade. O noivo para casar-se pede a mão de sua amada; Jesus abençoava com as mãos; As mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes. Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar. Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre, ainda as mãos prevalecem. Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino. E, no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração para, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera, que continuam na morte as funções da vida. E as mãos dos amigos nos conduzem… E as mãos dos coveiros nos enterram!”.