O mundo entrou em ritmo desenfreado. Ninguém consegue aguardar. Tudo tem que ser feito com rapidez e agilidade. A paciência é cada vez mais preciosa. A frase “aquela pessoa tem Paciência de Jó”, é pouco ouvida.
Paciência é uma palavra derivada do latim “pace”, que significa paz e “scientia”, conhecimento. Então, paciência é o “conhecimento da paz”. É também um entretenimento que consiste em reunir as peças separadas de um mosaico, para forma uma figura e passatempo para uma só pessoa, no qual se fazem diferentes combinações com cartas de baralho, seguindo determinadas regras.
Arnaldo Jabor em um dos seus artigos diz: “Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados… Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia… O “cavalheiro” se transforma numa “besta selvagem” no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar… A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta… Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais”.
É raro encontrar seres humanos que tenham a capacidade da espera, que aguardam a sua vez e que em meio a provas, descontentamentos, têm uma disciplina de espera, capaz de lhes dar resistência diante de situações que não merecem ação imediata. Paciência é resistência, domínio do seu ímpeto e controle. A essência da paciência é disciplina, domínio próprio, capacidade de esperar a hora certa.
Pesquisas mostram que entre uma barreira eletrônica e outra nas estradas, exigindo redução de velocidade, poucos segundos serão adiantados em seu deslocamento. Mas a pressa e a incompreensão do ser humano ao volante, causa desmoronamentos de famílias, com trágicos acidentes, resultando em lesões gravíssimas e milhares de mortes, exatamente pela falta de paciência. A vida é mais feliz para quem tem paciência. Jó, conhecido na Bíblia pelo seu sofrimento, perdendo seus filhos, sustento financeiro e saúde em uma mesma ocasião, foi um homem paciente e sobretudo, perseverante.
Na letra da música “Paciência”, de Lenine e Dudu Falcão, sucesso na voz de Lenine, também interpretada por outros cantores, encontramos afirmativas muito verdadeiras sobre este mundo impaciente, senão vejamos, absorvendo a mensagem.
“Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não para. Enquanto todo mundo espera a cura do mal, e a loucura finge que isso tudo é normal, eu finjo ter paciência. E o mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência”.
Esta letra foi composta quando Lenine enfrentava um grande congestionamento de trânsito e a inspiração lhe veio em conhecimento da paz e não na revolta do trânsito que não é violento, quem é violento são os condutores indisciplinados e irresponsáveis que fazem dos seus veículos armas perigosas.
Lenine adverte no final de sua poesia: “Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder? E quem quer saber? A vida é tão rara, tão rara”.
Leio no momento, e sugiro o livro “O Poder da Paciência”, de M. J Ryan, Editora Sextante, uma orientação para diminuir a pressa, ter mais felicidade, sucesso e paz no seu dia a dia. É uma publicação que contribui para o leitor diminuir o ritmo, relaxar e encarar a rotina de uma forma mais tranquila, mostrando que a paciência, uma das virtudes mais ignoradas nos dias de hoje, ajuda a aproveitar talentos, administrar a raiva e usufruir o prazer de cada momento.
O autor estimula a reflexão sobre atos, hábitos, sentimentos e ensina que a impaciência envenena a alma, tornando as pessoas grosseiras e mal humoradas, mostrando que a paciência pode ser hábito, cultivada e exercitada. Diz ele que a fúria no trânsito, violência de todos os tipos, explosões de raiva no trabalho, discussões familiares, geram doenças outras, em parte, pela falta de paciência.
Na verdade, parece que quanto mais depressa tudo anda, mais impaciente ficamos. Sem paciência, não podemos aprender as lições que a vida nos ensina e não conseguimos amadurecer. Conclama que o mundo nunca precisou tanto de paciência como agora, e nunca o estoque esteve tão baixo.
Deixo neste fim de artigo minha mensagem pessoal a cada maçom, que nos distingue com as leituras, sugestões e comentários. Eu que também sou às vezes impaciente, mas aprendendo na escola da paciência que, ao aceitarmos os outros como são, e a vida como ela se apresenta a cada momento, damos prova da nossa força e de nossa paz interior. É fácil ser tolerante quando tudo está bem. Mas ao demonstrar impaciência quando as coisas não são do jeito que queremos, revelamos nossa condição autoritária. Que todos nós paremos para refletir quando conseguimos acalmar uma situação que poderia ser explosiva em nossa loja maçônica, orientes estaduais e geral.
Este é o verdadeiro sentido do ser humano integrante e praticante dos nossos preceitos maçônicos, na revelação de nossa melhor dimensão como pessoas.
No livro “O Poder da Paciência”, encontro que ela: “É uma virtude tão valiosa, que todas as religiões nos oferecem exemplos a seguir. Os seguidores do Buda aprendem que a prática da paciência é uma das maneiras de alcançar a sabedoria. No Antigo Testamento, Jó é a personificação da paciência e no Novo, somos inspirados pela vida e pelo sacrifício de Jesus Cristo”. Na maçonaria, o fundamento sagrado é o da Fraternidade, ideia que mostra o homem, na vida em sociedade, estabelecendo, com seus semelhantes, uma relação de igualdade, pois, em essência, não há nada que hierarquicamente os diferencie. São como irmãos, ou seja, fraternos.
A impaciência é um hábito, a paciência, também.