Mais uma vez, das muitas que estive em Santos e Baixada Santista, tive o prazer de ser recebido com a fraternidade de sempre pelos irmãos maçons, iniciando a caminhada de 2017 nas comemorações dos 164 anos da Loja Fraternidade de Santos, fundada em 5 de janeiro de 1853, hoje tendo como Venerável o dinâmico irmão Luis Tadeu Sampel Borges.
Nas minhas palavras e em nome do Grão-Mestre Geral, Marcos José da Silva, enfatizei a importância social da Loja Fraternidade de Santos, em especial, à Fraternidade Feminina, presidida pela cunhada Maria Teresa e o Capítulo DeMolay Fraternidade de Santos.
Santos, município portuário do estado de São Paulo, que além de suas praias podemos citar os Jardins da Orla que é o maior jardim frontal de praia em extensão do mundo. O Aquário de Santos (antigo Aquário Municipal de Santos), inaugurado em 1945 pelo então Presidente da República Getúlio Vargas e ampliado em 2006, é o segundo parque público mais visitado do estado e atrai turistas do mundo inteiro. Também outros lugares de interesse são o Museu do Café Brasileiro, o Orquidário Municipal, o Jardim Botânico Chico Mendes, o Teatro Coliseu Santista, o Panteão dos Andradas, o Monte Serrat, e a Estação do Valongo.
A sessão magna pública de aniversário muito organizada e objetivamente conduzida pelo Venerável Luis Tadeu, foi altamente prestigiada por mais de 300 pessoas, entre elas, maçons da região, do estado de São Paulo e outros pontos do Brasil, como uma comitiva da Loja Regeneração Guabirubense, de Santa Catarina.
Agradeço aos que me conduziram ao evento, registrando suas presenças nas pessoas de Mário Sérgio Nunes da Costa, Grão-Mestre Honorário do Grande Oriente de São Paulo, Édimo Muniz Pinho, Grão-Mestre do Rio de Janeiro, Múcio Bonifácio Guimarãoes, Presidente da Assembleia Federal Legislativa, Aníbal Martinez, Fernando Tullio Colaccioppo, Egisto Rigoli e João José Viana, Secretários e Assessor do GOB, respectivamente, José Moretzsohn, Ministro do STJ Maçônico, Ricardo Guizado, Grão-Mestre Honorário do GOSP. Deputados Federais Ricardo Carvalho, Ademir Cândido, Arquiariano Bites Leão, Ricardo Martinez, Arlindo Chapetta, irmãos Gerson Magdaleno, Wagner Lacerda e Nilton Gomes, Cacá Teixeira, este vereador e secretário de gestão da prefeitura de Santos e outros que sempre me cercam com muito incentivo. A solenidade foi prestigiada pelo Grão-Mestre Adjunto do GOSP, Kamel Aref Saab, pelo presidente da Assembleia Estadual Hermes Barbosa, Coordenador Regional Sérgio Soares e outros membros do Grande Oriente de São Paulo.
Fico muito grato pela homenagem em placa que recebi das mãos do Venerável Luis Tadeu. A Loja Fraternidade de Santos foi homenageada pelo GOSP e GOB-RJ.
O histórico da Loja Fraternidade de Santos, com sua importante trajetória social, foi apresentado pelo Orador da Loja, Ivo Sanches, que voltando ao tempo do século XIX, registra:
“Imaginemos que estamos no início da segunda metade do século XIX e deixemos que a nossa mente perambule pelas vielas da Santos antiga. Nessa época, nossa cidade tinha uma população de mais ou menos 7.500 habitantes e era praticamente um grande charco, excetuando-se um quadrilátero de aproximadamente 750 mil metros quadrados, incluindo-se os arrabaldes, que se localizava onde é hoje o Centro da Cidade e o Valongo. O povo santista vivia com simplicidade; o homem era responsável pelo sustento da casa e a mulher cuidava da educação dos filhos e do lar.
Em seu livro ‘A Carne’, escrito em 1887, Júlio Ribeiro refere-se a essa gente da seguinte maneira: ‘O povo santista é polido, afável, obsequioso, franco; a riqueza que lhe proporciona o comércio de sua cidade, fá-lo generoso, até pródigo. E tem nervo, tem brio: é o único povo que eu julgo capaz de uma revolução nesta pacata província’.
Como não havia água encanada, as mulheres tinham que procurar um local para a lavagem das roupas, e o mais conhecido pelas lavadeiras era a Pedra da Feiticeira, uma nascente de águas límpidas, que ficava numa trilha que partia da Rua da Palha”.
Referindo-se ao dia 5 de janeiro de 1853, o documento narra uma declaração em reunião em um sobrado de Santos, feita pelo doutor Bernardo Avelino Gavião Peixoto:
“Meus senhores, o objeto que se deve ocupar esta reunião para a qual vós fostes convidados, é discutir o pedido que a Loja Piratininga me fez; nele, essa Augusta Loja solicita-me esforços em criar uma Loja Maçônica no Vale de Santos. Essa Loja deverá tomar aos ombros, a grande como difícil empresa de esmolar ao pobre. Como não posso por mim só decidir uma questão de muita gravidade e nem tão pouco, responder de improviso a semelhante convite, eu os convidei para que, comparecendo à esta reunião, decidam da conveniência ou não conveniência de semelhante objeto e me ajudassem a dar uma definitiva solução a uma questão de tão alta importância”.
“Dentro do sobrado, os Maçons José Maria de Andrade, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, Bernardo Augusto Rodrigues da Silva, Frei Luis de Santo Ambrózio, Francisco Martins dos Santos, Joaquim de Jesus Pereira, Thomaz Rufino de Jesus, Manoel José Carneiro Bastos, Ângelo Garcia de Souza Ramos, Joaquim José Gomes, João Batista da Silva Bueno, Francisco Alves da Cunha, Joaquim José da Costa e Silva, João Manoel Alfaia Rodrigues, Tristão Cardozo de Menezes Souza, João Baptista de Souza e Manoel Luis Ferreira continuavam a ouvir o Irmão Gavião Peixoto”.
“Colocada em votação a fundação de uma Loja Maçônica, foi ela aprovada por unanimidade e escolhido o título de “Loja Fraternidade”, sugestão feita pelo Irmão Martim Francisco. Foi também eleita a Administração Interina, assim composta: Venerável Mestre, João Antonio de Sá; 1º Vigilante, Martim Francisco Ribeiro de Andrada; 2º Vigilante, Francisco Alves da Cunha; Orador, Bernardo Avelino Gavião Peixoto; Secretário, Manoel Luis Ferreira e Tesoureiro, Joaquim de Jesus Pereira”.
Em resumo, assim nasceu a Loja Fraternidade de Santos, que hoje conduz o Educandário Anália Franco, que educa e forma hoje 370 crianças, e a Casa do Sol, que tem condições de atender até 160 moradores, possibilitando uma vida mais feliz, mais digna, àqueles que já viveram a maior parte de suas existências. São duas entidades consideradas como modelos de boa administração e de atendimento humano aos menos afortunados na vida, desamparados pela sociedade e governos.
“Hoje, como rotineiramente fazemos, damos uma olhada para trás, mas o nosso rumo é o futuro. Mais doce do que a conquista é a esperança. E isso não nos falta, porque imbuídos desse amor que norteia todas as ações e atitudes do Maçom, só podemos olhar para um futuro promissor, convictos que continuaremos a combater a ignorância, os preconceitos e os erros, ajudando a edificar uma Pátria mais humana, progressista e feliz. Tomar aos ombros a grande como difícil tarefa de esmolar ao pobre… Nós o fizemos e, com toda a certeza, sempre o faremos”.
Agradeço as fotos dos irmãos Fernando Túllio Colaccioppo e Nilton Gomes.
Barbosa Nunes, advogado, ex–radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado, professor e maçom do Grande Oriente do Brasil – barbosanunes@terra.com.br