AOS AMIGOS VISIVEIS E INVISIVEIS, LONGE E DE PERTO
Barbosa Nunes
Publicado no Jornal Diário da Manhã, Goiás, 19/07/2014.
Aos amigos do facebook, amigos pessoais e de encontro todos os sábados neste espaço, abraço com a poesia de Narinha e o enfoque sábio de Aristóteles: Muito prazer, Sou Barbosa Nunes@terra.com.br, Você amigo de vidro, De pulsos telefônicos, Impulsos eletrônicos, De chips e megabytes, Me é querido diariamente. Preciso receber sempre seus e-mails, Saber que, Carinhosamente, Você dedicou seu teclar E um enter para mim. Preciso deste @braço Em negrito, itálico, Times New Roman.
Do seu ;-* e [ ] emoticons, Do nick, Bom dia! Preciso me acostumar em saber que tenho amigos invisíveis, Que “me gostam” Por minhas palavras, Meus textos e Minhas atitudes. Amigos virtu@is Que desconhecem minha fortuna, Ignoram minha estética, Meus tiques nervosos, Meu roer unhas, E me tratam de “Querido Amigo”.
Preciso perceber que você, Amigo virtu@l Me “despermite” O direito e delírio De tentar ser sozinho. Receba meu @feto… Receba meu c@rinho…
20 de julho é Dia do Amigo, inspirado na chegada do homem à Lua, no dia 20 de julho de 1969. Criado pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro, por achar que a Lua simbolizava a oportunidade de fazer novos amigos. Durante um ano divulgou o lema “Meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro”. Na verdade, amizade não tem dia, nem hora, sentimento muito definido com palavras bonitas, poesias emocionantes, muitas carregando falsidade e interesses oportunistas, dando lugar à traição que gerou as contraditórias e não entendidas expressões “falsos amigos”, “amigo da onça”, “amigo de verdade”, “amigo traíra”, entre outras, complementadas pela advertência do poeta gaúcho Mario Quintana, na estrofe “Não te abras com teu amigo. Que ele um outro amigo tem. E o amigo do teu amigo. Possui amigos também…”.
Aristóteles, fundador da filosofia ocidental viveu entre 384 a 322 a. C. Estudioso profundo da física, metafísica, leis da poesia e do drama, música, lógica, retórica, governo, ética, biologia e zoologia. Maior sábio de todos os tempos. O filósofo Bryan Magee dele disse: “É duvidoso que qualquer ser humano saiba o tanto que ele sabia”. Com simplicidade classificou a amizade em três inclinações.
1-Amigos por causa da utilidade: os que se amam por causa de sua utilidade e não se amam por si mesmos, mas em virtude de algum bem que recebem um do outro.
2-Amigos por causa do prazer: dos que se amam por causa do prazer, não é devido ao caráter que os homens amam as pessoas espirituosas, mas porque se acham agradáveis.
3-A amizade dos bons e iguais na virtude: a amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao outro enquanto bons, e são bons.
A amizade absoluta está presente entre os virtuosos, homens que são bons e semelhantes na virtude. Pessoas que desejam o bem um ao outro de modo idêntico e são bons em si mesmos. Essa amizade durará enquanto as pessoas forem boas e a bondade é duradoura. São pessoas agradáveis, pois a cada um, em suas próprias atividades, são motivos de prazer.
Entendo, como na afirmativa do título deste artigo, que possuo amigos conhecidos, desconhecidos em distâncias longínquas, amigos pelo facebook que me estimulam e incentivam, com os quais me encontro, sobretudo aos sábados aqui neste espaço. Procuro irradiar minha disposição inclinada para a prática do bem, encontrando correspondência em nossos relacionamentos. A todos vocês, meus amigos, minha homenagem daqui e dali, de perto e de longe, conhecido ou desconhecido, mas amigos que ganhei e que na vida me aperfeiçoam.
Para Aristóteles, a mais completa e a mais duradoura forma de amizade é aquela existente entre pessoas virtuosas. Amizade é uma virtude. É o que há de mais necessário à vida, já que os bens que a vida oferece, como riqueza, poder, não podem ser conservados nem usados sem os amigos. A amizade mais estável e firme é amparada pelo bem.
Aqueles que fundamentam sua amizade no interesse, amam-se por causa de sua utilidade, amam pelo que é bom para eles mesmos, e os que amam em razão do prazer, amam em virtude do que é agradável a eles, e não porque o outro é a pessoa amada, mas porque ela é útil ou agradável. São amizades acidentais e se desfazem facilmente, pois quando desaparece o motivo, esta termina. Existia apenas como um meio para chegar ao fim.
Ao distinguir os três tipos de amizade, com base na virtude, no agradável e no interesse, Aristóteles estabeleceu uma hierarquia entre eles, correspondendo só o primeiro a amizade perfeita, considerando os outros dois tipos imperfeitas, acidentais ou instrumentais. A amizade depende mais de amar do que ser amado. Amar é a virtude característica dos amigos. Aqueles que amam na medida justa são amigos constantes. Só a amizade desses é duradoura.
A “você meu amigo de fé, meu irmão camarada. Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas”, um abraço pelo seu, pelo meu, e pelo nosso Dia do Amigo.