“PALAVRAS, QUE ESTRANHA POTÊNCIA, A VOSSA”
Artigo Barbosa Nunes
Em tempos de muitas pregações religiosas, elas são sempre concluídas com a palavra “dízimo”. Em momento eleitoral as melhores palavras são garimpadas para pronunciamentos em apresentação de planos de governo. Os contrários lançam palavras com poder ofensivo de um míssil a bombardear oponentes. Em dias que antecipam a entrada dos candidatos pela TV em nossos lares, advirto-os, cheguem com palavras verdadeiras que nos permitam acreditar em suas propostas. Não com palavras de efeito, trazendo dúvidas quanto a sinceridade. Venham e entrem nas casas da família brasileira, com a palavra da verdade, purificada antes de pronunciada. A mentira elimina o poder da palavra. Quando a pessoa mente, sua palavra não surte efeito, por mais bonitas que sejam as frases empregadas.
Tenham muito cuidado, senhores candidatos. Não se iludam, as palavras na televisão serão bem analisadas e decisivas para o eleitor votar. Palavras ofensivas e ataques não nos convencerão. Apresentem seus planos e metas, fugindo das contendas pessoais, muito predominantes em campanhas. Nessa hora os telespectadores em maioria, desligam os aparelhos e o voto estará perdido.
Outro aspecto é o não cumprimento da palavra, rotina pós eleição. Você candidato de outras campanhas, volta com perfil enfraquecido, sua palavra não merecerá crédito.
Palavras são energia em forma. Têm força e vida. O que você fala terá algum efeito, em algum tempo, em algum lugar, seja para você ou para os outros. Nossas palavras são mais fortes do que podemos imaginar. Sejamos impecáveis com as palavras, meus caros amigos que me distinguem com as qualificadas leituras deste artigo. Precisamos estar atentos para a imagem que criamos de nós mesmos quando falamos com os outros, em especial via diálogos ou mensagens positivas ou degradantes na internet.
Uns falam de prosperidade, alegria, abundância, fé, amizade, amor. Outros de infortúnios, problemas, sofrimentos, acusações, intrigas, sendo instrumentos de maldade e inimizade com o mundo. Reafirmo, ao falar com pessoas, estas formam imagens a nosso respeito. As palavras criam nossa realidade. Uma forma de mexer nessa cadeia é acertando nossa linguagem e seu conteúdo.
A nossa palavra quando expressada educada, pura, correta com respeito, mais bem vistos apreciados e alinhados seremos vistos com relação às pessoas que nos veem de fora para dentro, com isenção quanto a nossos valores positivos e defeitos. Mas isto é difícil, fácil para os humildes e não vaidosos que aceitam a crítica e fazem autocrítica. Difícil para os donos da verdade que não pedem desculpas. Desculpa, uma palavra que elimina distâncias perdidas e reconforta.
Há pessoas que somente sabem reclamar, falar mal da vida, dos demais indivíduos, até amigos, das coisas, em nada contribuindo para um mundo melhor. Seu mundo é sempre azedo. Palavras são mantras, devem controlar a mente, produzindo resposta para pergunta a nós mesmos: “O que estou dizendo está provocando algo de construtivo”? A energia da palavra pode mudar toda nossa vida.
Para os maçons, lapidares e exemplares para transpor os degraus da sua caminhada, estas palavras são fundamentais.
“Vencer as minhas paixões, submeter a minha vontade e fazer novos progressos, trazendo amizade, paz e prosperidade”.
“Palavras são boas, más, ofendem, pedem desculpas, queimam, acariciam, são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas, inventadas, ausentes, sugam, não nos largam, estão nos livros e jornais, publicidades, filmes, cartas e cartazes.
Aconselham, seguram, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam, doces, salgadas. O mundo precisa girar sobre palavras lubrificadas com óleo da paciência. “O cérebro está cheio de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas”, como diz o escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura em 1998, na crônica publicada no livro “Deste mundo e do outro”.
O poeta Argemiro Andrade diz: “Palavras são como cristal. Algumas um punhal, outras o orvalho da madrugada”.
Cecília Meirelles, uma das grandes escritoras da literatura brasileira, nascida em novembro de 1901 e falecida em 1964, com inspiração divina, lapidou e descreveu o que é uma palavra, no poema “Ai, Palavras!”.
“Ai, palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa! Ai, palavras, ai palavras, sois o vento, ides no vento, e, em tão rápida existência, tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento, e quedais, com sorte nova! Ai, palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa! Todo sentido da vida principia à vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois audácia, calúnia, fúria, derrota…
A liberdade das almas, ai! Com letra se elabora… E dos venenos humanos sois a mais fina retorta… Frágil como vidro e mais que o são poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam.”